terça-feira, 28 de setembro de 2010

Historial da Freguesia



A freguesia de Gagos situa-se na zona do Sudeste, fazendo fronteira com as freguesias de Pousade, S. Pedro do Jarmelo e Castanheira. Esta freguesia, com uma área total de 10 km2, dista a 17 km da sede de concelho.
Esta freguesia é constituída por duas aldeias Gagos e  Monteiros – que dista a 1 km da sede de freguesia e é servida pelo mesmo transportes rodoviário que a sede de freguesia.
A rede viária intra e inter-freguesia, que também faz a ligação com a sede de concelho, é razoável. Relativamente aos transportes públicos que servem a aldeia existe 1 autocarro diário. A freguesia de Gagos congrega 138 alojamentos familiares, sendo a maioria construída em granito.
"Edificada na encosta de um monte, exibe uma distribuição das casas em declive. É no largo da Igreja Matriz que a surpresa é maior: a beleza da igreja, do campanário e um monumento ímpar no concelho, o antigo mercado.(...) O orago da Igreja Matriz é S. Marcos e a sua festa realiza-se a 25 de Abril."
 Actividade agrícola/florestal 
Na freguesia de Gagos, tal como as restantes freguesias rurais do concelho a agricultura é fundamentalmente de subsistência, cujos principais produtos cultivados são a batata, o milho, o feijão, o centeio, a castanha, a vinha que para além do consumo próprio são também para venda.
Actividade artesanal
No passado, existiam na freguesia de Gagos alguns ferreiros, sapateiros e algumas tecedeiras. Actualmente já não há ninguém que se dedique a estas actividades.

Número e tipo de Associações Recreativas /Desportivas
- Centro Cultural e Recreativo de Gagos;
- Centro Cultural e Recreativo de Monteiros.

Número de Lugares de Culto·-
- Igreja Matriz de Gagos
- A Capela – Nos Monteiros

Existem na freguesia de Gagos alguns pólos de atracção turística, nomeadamente:
- Casas rurais típicas
- Paisagem natural rica
- Património histórico e cultural rico, nomeadamente a Igreja Matriz, a Capela de Santo Antão, o campanário, o antigo mercado (Alpendres), fontanários, cruzeiros…

Personalidades
Sr. Professor Abel Saraiva, autor do livro Recordações da minha aldeia, nasceu nos Gagos, concelho da Guarda, em 1926. Depois da instrução primária na terra natal frequentou o seminário dos padres Claretianos que abandonou; matriculado na universidade de Coimbra, completou o 3º ano de Direito; dedicou-se ao magistério, tendo integrado o corpo docente do Colégio Internato dos Carvalhos durante 34 anos, até à sua aposentação.

O seu livro «Recordações da Minha Aldeia» leva-nos aos Gagos da primeira metade do século XX. Aldeia rural, na envolvente da antiga vila do Jarmelo, a terra estava prenhe de gente e de tradições populares. Desfiando essas tradições, e descrevendo a gente peculiar que ali habitava, Abel Saraiva conduz o leitor ao âmago do povo, ao encontro do seu saber, bem como da sua humildade e valentia.
Deslumbrante é o conto intitulado «O tabelião não era fidalgo», onde expõe a história de um homem modesto, o ti Bernardino, que leva a casa o notário da cidade da Guarda, que dera passo pelos Gagos no exercício da sua profissão. Para a mulher do anfitrião a sua reles cozinha não teria condições de assim receber, de chofre, um doutor vindo do luxo da cidade, mas, mais uma vez, o paladar da comida aldeã fez um milagre, deixando maravilhado o visitante. Vejamos um curto trecho da eloquente história do Prof.  Abel Saraiva:
«Quando o tabelião fechou o livro de notas, passava do meio-dia, pelo que o ti Bernardino com toda a franqueza o convidou para almoçar em sua casa, avisando porém que não esperasse manjar esquisito, mas apenas um comer caseiro: caldo de “grães” com repolho e orelheira de porco com grelos e batatas cozidas.
(…)
Pouco depois a ti Zefa disse que o almoço estava pronto, que ia já por a mesa na sala, pois parecia mal um Sr. Doutor da Guarda comer na cozinha; este atalhou-a logo, que nem pensasse nisso, que era ali mesmo, ao pé do lume e das panelas, tudo ao singelo, à moda da aldeia.
Sem mais cerimónias, a dona da casa começou a servir o suculento caldo: para ela e para o marido deitou-o em caços, mas para o ilustre hóspede ia tirar do “armário” uma malga de Sacavém; este teve logo mão nela, agarrou um caço e pediu que lho enchesse; a deliciosa sopa soube-lhe tão bem que pediu licença e com a maior naturalidade deste mundo agarrou na gadanha, destapou a panela e secundou ele mesmo.
Veio depois uma almofia com a orelheira, grelos e batatas cozidas; cada um comeu no seu esborcinado prato de louça barata, servindo-se de toscos garfos de ferro, facas de fabrico local e canecas vidradas, às quais dava serventia uma velha jarra de vinho de colheita; o tabelião comeu e bebeu tão regaladamente que nem malhador no fim da eirada.
Uma barranha de maças agras e peras inverniças pôs o ramo no almoço; o tabelião nem tocou na fruta: pena tenho eu de a não poder comer, mas estou cheio que nem um tambor, declarou repimpado.»


Outra personalidade ilustre desta Freguesia, com uma actividade de relevância e importância social a nível internacional. Cardeal D.José Saraiva Martins  natural  de Gagos  - Guarda, nasceu a 6 de Janeiro de 1932 é um Cardeal português e prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos.
Entrou no Seminário claretianos das Termas de São Vicente em Outubro de 1944 e decorrido o noviciado junto dos padres claretianos nos Carvalhos.
Em 1954 estabelece-se em Roma, e desde aí tem residido nessa cidade. Aperfeiçoa os estudos teológicos obtendo a licenciatura em Teologia em 1957 na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.
Em 16 de Março de 1957 é ordenado sacerdote. Apaixonado pela teologia, inicia o ensino com 26 anos: em 1958 é professor de metafísica no seminário maior da província italiana dos Claretianos. Em seguida é professor de teologia fundamental e de teologia dogmática sacramentária também nos Claretianos. Em 1969 é convidado a ensinar dogmática sacramentária na Pontifícia Universidade Urbaniana onde fica até 1988, sendo seu reitor entre 1977 e 1983 e entre 1986 e 1988. Doutorou-se em Roma na Universidade de S. Tomás de Aquino.
No campo da teologia D. José Saraiva Martins produziu uma vintena de livros e opúsculos, e mais de 250 artigos de caráter científico e de vários géneros, publicados em jornais e revistas internacionais.
Em 26 de Maio de 1988 o Papa João Paulo II nomeou-o Arcebispo Titular e Secretário da Congregação para a Educação Católica. A sua ordenação episcopal deu-se a 2 de Julho de 1988. Na importantíssima Cúria Romana tinha já desempenhado vários cargos quando em 30 de Maio de 1998 o mesmo Papa nomeou-o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cargo que implica a dignidade cardinalícia. Foi criado Cardeal pelo Papa João Paulo II no Consistório de 21 de Fevereiro de 2001, tendo-lhe sido outorgado o título de Cardeal-diácono de Nostra Signora del Sacro Cuore. É também membro da Congregação para os Bispos (desde 19 de Novembro de 1998) e da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos (desde 22 de Abril de 1999).
Com o falecimento do Papa João Paulo II, D. José Saraiva Martins (tal como toda a Cúria Romana) cessou funções no cargo de Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos a 2 de Abril de 2005; veio a ser confirmado no cargo pelo Papa Bento XVI a 21 de Abril do mesmo ano.
Em 9 de Julho de 2008 e já com 76 anos (idade superior ao limite habitual de 75 anos) resignou ao cargo de Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, tendo sido substituído pelo Arcebispo D. Ângelo Amato (futuro Cardeal). Após a resignação D. José Saraiva Martins passou a deter o título de Prefeito Emérito da Congregação para as Causas dos Santos.
Em 24 de Fevereiro de 2009 D. José Saraiva Martins foi nomeado Cardeal-Bispo da Igreja Católica pelo Papa Bento XVI com o título de Cardeal-Bispo de Palestrina, sendo instalado em 19 de Abril.